Quatro pesos, quatro medidas
Na próxima terça-feira, dia 25 de março, o Atlético estará no banco dos réus, sendo julgado pela terceira Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR). O clube foi indiciado pelos incidentes que ocorreram no jogo do último domingo, contra o Paraná Clube, quando um torcedor atleticano supostamente arremessou um objeto no gramado (uma guloseima, provavelmente uma bala) que teria atingido o meia Cristian, do Paraná Clube. A denúncia foi feita pela procuradora Manuela Garcia e acolhida pelo presidente do TJD-PR, Roberto Dutra Hagebock.
O Atlético foi enquadrado no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que discorre sobre deixar de tomar providências capazes de prevenir ou reprimir desordens em sua praça de desportos. O artigo fala ainda de medidas para não prevenir ou reprimir o lançamento de objeto no campo ou local da disputa do evento esportivo, que possa causar gravame aos que dele estejam participando. A pena para este caso é de multa que varia de R$ 50 mil a R$ 500 mil e perda do mando de campo de uma a três partidas.
A denúncia ao Atlético e o conseqüente julgamento do clube não deixa de ser um fato inusitado. Afinal, no Campeonato Paranaense deste ano, atos semelhantes e até mesmo mais graves foram protagonizados por outros clubes e torcidas e não tiveram o mesmo rigor da procuradora Manuela Garcia e nem mesmo do presidente do TJD-PR, Roberto Dutra Hagebock. Em pelo menos três jogos do Atlético na competição (contra Paraná Clube, Paranavaí e Iguaçu, todos na primeira fase do Estadual) houve atos desse tipo e a maioria sequer foi a julgamento pelo TJD-PR:
1- Atlético 2 x 1 Paraná Clube, no dia 27 de janeiro de 2008:
O primeiro encontro entre atleticanos e paranistas na temporada, na Kyocera Arena, teve um fato semelhante ao ocorrido no jogo do último domingo. Na comemoração do primeiro gol rubro-negro na partida, marcado aos 17 minutos do primeiro tempo pelo atacante Marcelo Ramos, a torcida paranista arremessou no gramado da Kyocera Arena dois copos, que por pouco não acertaram os atletas atleticanos que comemoravam o gol. Confira as imagens divulgadas naquela oportunidade pela imprensa:
O lance não foi isolado e a quarta árbitra da partida, Frederica Mariane Jager, chegou a recolher vários objetos arremessados pelos paranistas, conforme divulgou na oportunidade a Furacao.com: Torcida paranista arremessou copos no gramado. Julgado pelo TJD-PR, o Paraná Clube foi absolvido da denúncia, contando em sua defesa inclusive com a ajuda do Atlético, que cedeu imagens do circuito interno colaborando com a identificação dos torcedores infratores.
2- Atlético 4 x 0 Paranavaí, no dia 06 de fevereiro de 2008:
No jogo contra o Paranavaí, também na Arena da Baixada, um fato ainda mais lamentável foi protagonizado pela comissão técnica do ACP. Após o jogo, um funcionário do Paranavaí atirou uma garrafa de água cheia contra a torcida atleticana que estava situada atrás do banco de reservas do time visitante. A agressão foi filmada por torcedores atleticanos e disponibilizada na internet, através do site YouTube.
A Furacao.com também divulgou essas imagens, através da reportagem Funcionário do Paranavaí agride torcedores do Atlético e cobrou uma atitude exemplar por parte da procuradoria do TJD-PR, que mais uma vez não tomou as medidas cabíveis e se omitiu diante de ato de pura falta de esportividade e violência contra os apaixonados pelo futebol.
3- Iguaçu 1 x 8 Atlético, no dia 16 de fevereiro de 2008:
No jogo em que o Atlético igualou o recorde de vitórias consecutivas do Furacão de 1949, uma atitude lamentável do maqueiro do Iguaçu poderia ter causado graves conseqüências a uma jovem torcedora atleticana. Apesar desse ato não ter imagens das emissoras de TV, relatos de vários atleticanos presentes no estádio Antiocho Pereira e um Boletim de Ocorrência feito pela vítima comprovam o incidente.
Não gostando de algumas gozações dos atleticanos presentes no estádio, o maqueiro atirou um punhado de pedras (pequenas britas) contra os torcedores que estavam nas arquibancadas. Algumas pedras atingiram o rosto de uma garota que teve que ser atendida pela ambulância do estádio, já que algumas pedras entraram em seus olhos. Covardemente pessoas da AA Iguaçu acobertaram o meliante, escondendo-o. O pai da garota a levou para fazer BO e responsabilizar o clube. Encontrei-os mais tarde no hotel e ela já estava melhor, relatou o colunista da Furacao.com, Juarez Vilella Filho, no Fórum Furacao.com.
Esses três incidentes ocorridos em jogos do Atlético no Campeonato Paranaense deste ano são exemplos de atos mais graves do que a bala que supostamente atingiu o meia Cristian no último domingo. Mas o que prevaleceu em dois desses três casos foi a omissão do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná. Por isso, a torcida atleticana pergunta: aonde estavam a procuradora Manuela Garcia, os demais procuradores do TJD-PR e o presidente do tribunal, Roberto Dutra Hagebock, nessas oportunidades? Afinal, a justiça só é justa quando vale para todos.